Anamatra esteve representada pela diretora Roberta Santos
A diretora de Cidadania e Direitos Humanos da Associação Nacional das Magistradas e dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Roberta Santos, prestigiou, nessa sexta (25/7), o evento "Mulheres Negras que Inspiram: Lideranças e Transformações nos Poderes Públicos", realizado em alusão ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, na sede da Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe), em Brasília (DF).
O encontro foi promovido pela Comissão de Diversidade da Anafe e pelo grupo de trabalho de Igualdade Étnica e Racial da Advocacia Geral da União (AGU), com o objetivo de destacar a força, o legado e o protagonismo das mulheres negras no serviço público, nas políticas públicas e no sistema de justiça.
Compuseram a mesa de abertura a Procuradora Federal, Coordenadora da Comissão de Diversidade da ANAFE e Integrante do Grupo de Trabalho de Igualdade Racial e Étnica da AGU, Fernanda Sousa Marques, a Secretária-Geral do Conselho Nacional de Justiça, Adriana Cruz, a Procuradora da Fazenda Nacional e Assessora Especial de Diversidade e Inclusão da AGU, Claudia Aparecida de Souza Trindade, a Promotora de Justiça no Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e integrante do Nierac – Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial do MPPA, Karoline Bezerra Maia.
Em sua fala, Adriana Cruz elencou algumas das ações e políticas adotadas pelo Judiciário brasileiro para combater o racismo estrutural e promover a equidade de gênero. A Secretária-Geral do CNJ destacou a baixa presença feminina no Poder Judiciário, citando dados do Justiça em Números 2025, que apontam que, apesar de corresponderem à maioria da população brasileira, as mulheres e as pessoas negras encontram-se sub-representadas na magistratura brasileira.
De acordo com o levantamento, em todos os segmentos da Justiça, quanto mais elevado o nível da carreira, menor o índice de participação feminina. Enquanto o percentual de juízas é de 39%, o de desembargadoras soma 23,9% e o de ministras, somente 18,8%. O relatório demonstra que o percentual de negros e negras no Poder Judiciário é de 14,3%, sendo 12,4% de pardos e pardas e apenas 1,8% de pretos e pretas.
Painel de debates
A importância da representatividade das mulheres negras no sistema de justiça, especialmente nas posições de liderança, continuou sendo o tema central de debate também no painel principal do evento, o qual abordou o tema “Lideranças Negras e Transformações nos Poderes Públicos”. Participaram importantes representantes do setor público, que evidenciaram a relevância da presença de lideranças negras nos espaços institucionais e abordou iniciativas voltadas à promoção da equidade racial no serviço público.
Estiveram presentes Isadora Nascimento, Coordenadora-Geral de Articulação Institucional e Participação Social na Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos; Juliana de Oliveira Gois, Procuradora do Trabalho e Diretora de Relações Institucionais da ANPT; Manuellita Hermes, Procuradora Federal, integrante do Comitê de Diversidade e Inclusão da AGU e Coordenadora do Grupo de Trabalho de Igualdade Racial e Étnica do referido comitê; Mara Lina Silva do Carmo, Juíza Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e Coordenadora do Comitê de Equidade Racial da 1ª Região; Marcelise Azevedo, advogada e Conselheira da Comissão de Ética Pública da Presidência da República; e Mayara Tachy, Defensora Pública do Distrito Federal.
Obra literária
Ao final do evento, foi lançado o livro “Encruzilhadas de Raça e Gênero”, de autoria de Fernanda Cordeiro de Oliveira. A obra investiga as razões por trás da sub-representação de mulheres negras na política institucional brasileira, com foco na estrutura interna dos partidos políticos — marcada por práticas oligárquicas e excludentes.