02/10/24

Anamatra prestigia a posse do novo Corpo Diretivo do TRT 2 (SP)

Maior Regional do país será presidido pelo desembargador Valdir Florindo
02/10/24

Justiça do Trabalho tem estrutura adequada para atender à litigiosidade trabalhista, ressalta Anamatra

Presidente da Associação comenta Resolução nº 586/2024, editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
01/10/24

“Saúde é a melhor colheita”

Anamatra participa de reunião do Grupo de Trabalho Interinstitucional (Getrin) do Programa Trabalho Seguro da Justiça do Trabalho

20 anos depois

1984 foi o ano da rebelião incontrolável pelo fim da contra-revolução levada a efeito em 31 de março de 64. 20 anos depois as adversidades são outras, mas que também devem despertar a nossa sociedade
Grijalbo Fernandes Coutinho,38, é juiz do trabalho e presidente da Anamatra

Não obstante a rejeição da emenda das Diretas-Já  no dia 25 de abril de 1984, pelo Congresso Nacional, que tanta frustração causou ao povo brasileiro naquela noite de praças públicas lotadas e irmanadas do  sentimento de altivez democrática, a ditadura militar passou a ter os dias contados a partir  do evento. A madrugada fria de céu aberto no país afora fez ecoar o grito  de  cidadania ("Diretas-Já,  fora Figueiredo e o regime militar") engasgado por 20 anos. Estavam lá trabalhadores, excluídos, estudantes, donas de casa, empresários, artistas, intelectuais,  políticos e casais de namorados unidos pela bandeira nacional ou pelas bandeiras vermelhas prometendo companheirismo eterno. Enfim, era o êxtase da rebelião comportada dos  segmentos da nossa sociedade interessados no fim do regime de exceção e do arbítrio, movimento que  só foi possível pela luta anterior  de tantas outras pessoas  que ofereceram à própria vida  em nome da defesa da Democracia.

Da Praça da Sé em São Paulo à Praça José de Alencar em Fortaleza (no dia 25 foi na Praça do Ferreira), o levante cívico do povo brasileiro mostrava-se extrordinariamente vigoroso, após a  campanha das Diretas-Já ter produzido comícios, caminhadas, visitas à porta de fábrica e os mais diversos atos preparatórios ao dia da votação da emenda Dante de Oliveira. Os atores do mundo político-partidário, alguns combatentes históricos  do regime, outros insurgentes de última hora, encarnavam típicos heróis para as multidões àvidas por mudanças, cujos discursos eram capazes de balançar palanques e contagiar até mesmo os incrédulos  com o restabelecimento da normalidade democrática.  

Numa das suas últimas manifestações repressoras, o poder  político decadente tratou de coibir com violência o ato realizado em Brasília no dia 25 de abril de 1984. Quem não se lembra do general e de seu bravo cavalo avançando sobre os manifestantes. A intimidação e o voto decepcionante de um parlamento de discutível representatividade, não foram suficientes para fazer calar a voz das ruas, dos bairros e das favelas. Em que pese a enorme controvérsia sobre a legitimidade da participação no colégio eleitoral de 1985, responsável pela eleição indireta do oposicionista  Tancredo Neves, a História irá registrar para sempre que a campanha pelas Diretas-Já foi a potencialização da luta contra a ditadura militar  de toda a sociedade civil brasileira organizada e também dos desorganizados.   

As gerações que presenciaram a insurgência do 25 de abril de 1984, vinte anos depois, devem ter o compromisso de relembrar a data como o marco da luta pacífica do povo brasileiro contra a intolerância, a violência e o autoritarismo, mas também para servir de antídoto contra quaisquer intenções golpistas que porventura estejam camufladas nos setores conservadores e reacionários das elites nacionais. A alienação reinante, fruto da sociedade egoísta do mundo globalizado e da maneira nada democrática de exploração dos meios de comunicação, que gera oligopólios interessados na desinformação e na relevância das futilidades mercadalógicas, está a exigir de cada um enorme esforço na defesa do Estado Democrático de Direito, sem jamais perder de vista a trajetória histórica que nos levou a momento de  catástrofes  e de  vitórias. 

Não é por outra razão que ao comemorar 20 anos do levante Diretas-Já , deve ser registrada a  importância de se manter acesa a chama da Democracia real, bem como da imprescindibilidade do aperfeiçoamento das instituições, hoje frágeis frente ao poder gigantesco  dos conglomerados financeiros. Os saudosistas mais afoitos do regime autoritário reivindicam a criminalização das condutas dos movimentos sociais sob o falacioso fundamento da desordem e do caos gerados pelas reivindicações da classe trabalhadora, quando o caos decorre da benevolência governamental com o modelo econômico excludente, protetor da acumulação desenfreada  de riquezas e do desemprego.

1984. Não foi o de George Orwell, apesar de algumas semelhanças lançadas pelo profeta no livro com o momento atual, pelo menos no que diz respeito à desumanização crescente. 1984 foi, para o Brasil, o ano da rebelião incontrolável pelo fim da contra-revolução levada a efeito em 31 de março de 1964. As Ágoras modernas deveriam ter sempre essa capacidade inesgotável de mudar os rumos  da nação, na incessante busca da Democracia política e social. 20 anos depois as adversidades são outras, mas que também devem despertar a nossa sociedade.

SHS Qd. 06 Bl. E Conj. A - Salas 602 a 608 - Ed. Business Center Park Brasil 21 CEP: 70316-000 - Brasília/DF
+55 61 3322-0266
Encarregado para fins de LGPD
Dr. Marco Aurélio Marsiglia Treviso
Diretor de Assuntos Legislativos da Anamatra
Utilizamos cookies para funções específicas

Armazenamos cookies temporariamente com dados técnicos para garantir uma boa experiência de navegação. Nesse processo, nenhuma informação pessoal é armazenada sem seu consenso. Caso rejeite a gravação destes cookies, algumas funcionalidades poderão deixar de funcionar.